Sunday, February 03, 2013

8º Interprogramas de Mestrado da Faculdade Cásper Líbero - São Paulo, SP, 23 de novembro de 2012)

Coord. Mesa Simonetta Persichetti

ARTIGO

O relacionamento interpessoal intermediado pelo computador proporciona relevância ao processo da comunicação e demanda maior qualidade das informações. De um mero comportamento humano, os relacionamentos passam a compor sistemas integrativos com consequências sociais, políticas e econômicas, portanto, vitais para as sociedades contemporâneas.

Na visão de Pierre Lévy (1999) é como um conjunto de técnicas, de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem ao mesmo tempo no ciberespaço. Esses valores ensejam um novo olhar, menos técnico e mais semiótico, menos objetivo e mais complexo, menos superficial e mais relacional. 

O ciberespaço não cerceia a participação de quem quer que seja. Não há limites de idade, gênero ou crença para participar e interagir com os demais membros do grupo. Ele proporciona autonomia e liberdade aos indivíduos para criarem avatares, fantasiarem livremente, inventarem e representarem encenações de si mesmo e dos que com eles interagem. O intercâmbio de informações torna o espaço mais relevante à medida que ele vai se constituindo numa série de interconexões ou “nós” Iasbeck (1997).

Estranhamente, a comunicação informal que acontece no ambiente das mídias
digitais corporativas não assume os vetores do relacionamento em todas as suas possibilidades. Ao contrário, seleciona o que deve entrar e sair, privilegiando aquelas temáticas e abordagens de caráter positivo, abonadas pelas regras de convivência social.

Institucionalmente, as organizações que utilizam o espaço das mídias digitais
buscam exaltar a qualidade dos seus produtos e serviços, mas não oferecem o mesmo espaço e as mesmas condições de interação para aqueles que não se satisfazem com o seu atendimento ou com a qualidade do que oferecem. Esse problema é facilmente constatado nos sites dedicados à defesa do consumidor. 

Não são apenas as reclamações que ficam sem espaço no mundo digital corporativo. Também os boatos e as fofocas não encontram ali ambiente favorável para se constituir. Tratar a Comunicação Organizacional informal nas Mídias digitais e os relacionamentos organizacionais como se fossem “recursos materiais” por meio de uma racionalidade instrumental ou simplesmente ignorando, é, segundo Bauman (2003), a ‘fuga ao sentimento’. 

Portanto, evidenciar as interações comunicacionais e os relacionamentos no sentido subjetivo é fundamental. Principalmente para consolidar uma dinâmica
organizacional respaldada pelos valores de cooperação, solidariedade, confiança e ética.